domingo, 22 de julho de 2007

Parem o mundo, eu quero descer...


Ouvi pela primeira vez essa idéia saindo da boca de uma amiga minha(Jéssica). Escutei meio que depressa, sem dar muita profundidade ao meu entendimento. Mas logo senti a pontada da razão me confrontando com minha realidade e, indubitavelmente, levando-me a um invólucro desanimador. Vi-me diante da realidade infortuna do meu dia-a-dia. Foi triste, pois sempre pensei que problemas sociais se resolvem lutando contra tudo e contra todos, nunca refletindo sobre a utilidade do nosso "ser". "Parem o mundo, eu quero descer...": o desespero intrínseco nessa frase, fez-me pensar na validade do suicídio. Bem, parece louco pensar na morte como solução, mesmo depois de muitos elementos já terem o feito como demonstração de indignação, já que nunca houve entendimento para morte. Também não acredito que isso mudará um dia. Mas enfim, depois de muitas aulas de sociologia, e da convivência paulatina por duas vezes na semana com o professor, lembro-me(e entendo) das tendenciosas insinuações sobre o suicídio e suas repercussões sociais. Ele era um suicida em potencial, mas não passava disso. Infelizmente, pois compreendi a verdadeira essência dessa atitude. Claro que não significaria que com uma morte se salva uma vida; na verdade, com uma morte bem intencionada e inteligente salvam-se vidas. Essa idéia de parar o mundo pra descer me faz imaginar como descer desse mundo significaria algo positivo para os que continuassem nesse barco, daí sugerir o suicídio! É interessante que as mazelas do mundo prescrevem as diversas formas de solução. É um tipo de feedback sem recíproca(!). Há algum tempo assisti um filme chamado A Vida de David Gale... foi a primeira vez que vi na morte algo mais positivo que a própria vida. No filme, em linhas gerais, um suicídio é perfeitamente manipulado e inteligentemente idealizado como forma de mostrar para um tribunal penal norte-americano présbito que a pena de morte não é um julgamento confiável, pois pode matar pessoas inocentes, ou com possibilidade de regeneração(idéia que merece outra crítica, que me correu agora). Foi ai que comecei a enxergar essa "coisa" do suicídio como fator tanto de resignação pessoal, como também um ato que preconiza uma estabilidade adversa a barbárie. Difícil isso, pois também penso que o homem chegando a esse ponto tornou-se um psicopata social, auto-destrutivo com características bárbaras. Mais ai eu estaria nesse ciclo vicioso mal entendido que há muito aflige grande parcela da população potencialmente suicida(rsrs). Acho que a idéia principal, e portanto a única realmente relevante, é a referente a intenção mesmo. Quanto a isso, não há muito o que falar. Apenas sei que teria que haver uma grande evolução no pensamento filosófico humano, para tentar expandir no mundo uma razão(filosófica, óbvio) para o significado do suicídio. Paradoxal é enxergar ai, e sei que isso viria de muitos, um retrocesso estrutural no plano da moralidade inerente(e, claro, padronizada) ao homem. Considero, desde então, a morte como mais um elemento de contestação social... um novo, desconhecido, inexplorado, e como tal digno de ser provado e sabiamente apresentado para uma nova geração!

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