quinta-feira, 13 de agosto de 2009

The Curiosity of Chance!



- Eu sei onde vive Dorca. Hei, anime-se. Não acho realmente que seja Dorca.

- Eu sei que não.

- Porque você se esquece tantas vezes da minha inteligência superior? E minha capacidade invulgar de processar o teu sarcasmo?

- Cala-te, antes que eu conduza propositadamente contra um poste.

- Então... Quando soube que era... Você sabe...

- ... Um homossexual? Eu não sei. Quando soube que era uma reprodutora?

- Ainda não estou completamente certa se sou. Estabeleci dos 18 aos 23 como anos experimentais. Tenho tudo planejado!

- Quatro.

- Para quê?

- Quando eu tinha quatro anos. A minha querida falecida mãe me levou a uma produção de Quebra-Nozes... Foi colorido e dramático. A música era ótima. Mas uma coisa prendia minha atenção acima de tudo: os dançarinos. Um homem. Certamente fixei-me nele durante toda a atuação. Um soprano, não conseguia parar de olhar para ele. Claro que na altura não compreendi o porquê, mas... Agora sei.

- Muito comovente Marquis. Desculpe-me enquanto vomito.

- hehe

- Olha, eu não me importo que seja gay, mas a maioria da escola sim, então... É só que... Se só esse fato faz de você um alvo tão grande, porque dá a eles mais munição ao agir e se vestir dessa maneira?

- Bem, se pudesse escolher entre se gozada por usar um chapéu ridículo ou por ser gay, o que escolheria?

- ...

- Obrigado pela carona... E obrigado por se preocupar comigo.



sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Em resposta a...


Não em resposta... mas em confissão!

Acredite, já calculei muita coisa referente a isso tudo. Coisas como momentos para se viver algo, ou a idade ideal, ou mesmo que deveria ter mil critérios decidir sobre isso, pra escolher pessoas mesmo. Mas acredite, quando você vive algo parecido com isso, todo conceitual cai por terra, e tudo vira apenas um jogo de sensações e prazer... Mesmo q a razão consiga explicar, sempre haverá limites para ela...o sentimento sempre chega a um passo além da razão. E isso é inexplicável. Olhar para a mesma cara por muito tempo pode ser assustador...mas só é assim no início, quando se pensa num investimento infrutífero. Depois, você vê q tudo vale a pena... O grande X é saber quem é a pessoa...daí posso concordar em experimentar “algumas muitas” para degustar.... o perigo está( e ai nós humanos somos vítimas) no vício! Sempre nos viciamos no mais fácil, ou no que sabemos melhor fazer, ou no que não nos é estranho. Isso é fácil de entender: é o aparentemente mais seguro, afinal, já lhe damos com isso a um certo tempo. Mas se pensarmos bem, veremos q não há grande coisa a se pensar... é só viver a coisa até onde dá. SE não dá, confiamos na natureza, e julgamos q ela não achou o “cruzamento” favorável. E pra mim é sensato pensar isso. Mas daí a não viver nada diferente? Um sexo diferente? Hum.... acho isso um pouco auto-repressivo. E chato ao mesmo tempo, porque é mecanizar muito a vida. Não faria isso... não com meu tempo: o tempo q eu tenho p viver experiências únicas com a mesma pessoa, e mesmo quando a coisa já não é mais a mesma, já é chata, viver um tempo de coisas surpreendentes, de coisas novas. OU dar a si mesmo a chance de construir junto... não que isso seja prerrogativo absoluto para felicidade, mas não testar isso, e definir momento na vida para isso não me vem a calhar. Tempo é bom... a humanidade chama isso de namoro. Não gosto dos padrões...viveria isso de outra forma, mas aproveitaria o detalhe do tempo. O tempo que o namoro determina para estarem juntos é algo q soma muito...é como se ter um grande amigo com quem se possa contar p ara absolutamente tudo, mesmo q não compartilhem de tudo(e mesmo q não se compreendam sempre). Sinto que se perde muito por não construir relações sólidas... e não acreditar nelas. Romântico demais? Não sei. Mas busco todo dia razão p manter minhas experiência.s.. e gosto delas. Gosto porque me fazem bem... porque não as bloqueio. Não me viciei nisso. Somar isso ao sexo só traz vantagens, porque, como dito, o sexo é fundamental p sermos humanos(Darwiniânicos ou não). Mas não!, tenho certeza que depois que se descobre o “tempo” que se pode compartilhar com outro, o sexo apenas vira um elo! Um elo importante, mas apenas um elo...ou, na melhor das hipóteses, e talvez numa hipótese mais agradável, uma forma de comunicação... uma incrível forma, eu diria. Mas isso todo depende de muita coisa: experiências passadas, traumas não nutridos, etc etc etc... Como existe muita gente diferente no mundo, acho q dá pra viver essa experiência. Sempre dá... conheço o caso já! Mas isso tudo é apenas UM ponto de vista.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

C.R.A.Z.Y.










"But we're never gonna survive, unless...

We get a little crazy
No we're never gonna survive, unless...
We are a little...
"


"Certa vez, na história da humanidade, duas pessoas andavam juntas. Caminhavam sempre seguindo os mesmos passos, querendo acompanhar cada detalhe que se podia observar um do outro. Nada era mais importante do que seguir juntos... Um dia, ao amanhecer, a luz ofuscou a visão de um deles. O descompasso veio, tirou-o do ritmo. Num instante pode ver: olhou para traz e viu pegadas. Estava formada uma trilha por um par de pés apenas. Quis enlouquecer, para não acreditar na ilusão. Mas sua razão não lhe foi complacente. Viu que estava só, e que deveria continuar a seguir...talvez alcançar o outro. Precisava sobreviver e, a menos que se mantivesse sobriamente louco, não conseguiria. Conseguiu!"


Penso que tudo, absolutamente tudo, me obriga a esperar... motivos incertos, alguns benéficos, outros nem tanto. Pessoas, por favor, me convenção de que o tempo é relativo, e me façam parar de esperar!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Anti-hiato criativo.

Sexta-feira, 5 de Julho de 2009.
Praça de alimentação(3° piso), Iguatemi.

Daqui de onde estou vejo milhares de pessoas. Não sei porque, mas uma das coisas que mais me agradam é observá-las. Olhar como se vestem, como se comportam, tentando imaginar para onde vão, ou quem com quem vão se encontrar. Não acredito que minhas suposições estejam certas, mas criar uma vida, por mais instantâneo que seja, para cada uma dessas pessoas me faz sentir vontade de ficar parado, inconsciente de mim, transparente talvez.

Por vezes imaginei, como certa credibilidade até, que algumas pessoas existiam apenas por instantes, para que não houvesse um vazio perceptível aos olhos meus. À elas seriam dadas memórias e sentimentos que contemplassem a necessidade do instante em que eu vivia. Contudo, eu desconfiava das duplicatas, quando, por vezes, os anti-hiatos criativos eram repetidos e, por algum motivo, eu percebia a falha envolvida nisso. Não era apenas eu que percebia tal fato, pois tinham pessoas ao meu lado que já haviam se deparado com as duplicatas. Naquela época, quando ainda me sentia sensível ao ponto de perceber tais abstrações, mesmo que por devaneio, via-me capaz de ir mais além. Além do que meus olhos viam, ou meu tato tocava.

Hoje, quando me vejo diante de tantas loucuras cotidianas, penso( e agora sei não é verdade) que os grandes erros, ou o que eu chamei de duplicatas, não estão mais presentes, ou que já não se comete erros lá no "lugar donde as coisas chegam". Mas a verdade é que não consigo mais perceber, ao menos não sozinho, tudo que está além do material, além do obviamente perceptível (mantendo um padrão mínimo para isso, claro!). Não consigo ver, agora, a belíssima falha perpétua aos hiatos criativos desesperadamente corrigidos por "eles".

terça-feira, 2 de junho de 2009

Saindo do Armário.


Viver honestamente talvez seja a coisa mais difícil que exista. Pergunto-me sempre se as pessoas com quem convivo estão falando a verdade. Não que haja sempre a necessidade de que alguma coisa seja dita, mas calar-se diante do que efetivamente deseja é de tamanha ingenuidade, que sinto pena dos que se disfarçam nos trejeitos, nas roupas, na voz, até mesmo nos pensamentos. Esses últimos, talvez, sejam os que mais mereçam tal pena. Mas eu entendo, até certo ponto, como as coisas são. Vejo que olhar para si e enxergar algo que não queria ver deve ser deveras desgostoso. Mas eu teria semelhante ingenuidade se julgasse fácil ser livre. Jamais negaria a inconveniente trajetória humana que sublinhou, pois em negrito e em itálico as palavras Mulher, Gay, Negro e Velho. Todos bem marcados pelo preconceito de "ser", meramente ser... Deve ser ruim ser mulher, negro, velho, gay...quem sabe até feio. Quem sabe uma divina combinação de duas ou três dessas"formas de ser". Quem sabe ser tudo isso, e não poder ser nada disso... Ai eu penso qual o propósito disso tudo, ou qual seria o sentido de privar um cara de continuar sendo um cara, apenas porque ele prefere beijar outro cara. É óbvio que eu não entendo! Como poderia eu entender o significado disso? Na verdade eu poderia traçar um roteiro: tudo começa quando nós esquecemos(não me pergunte como) que nossa expectativa de vida é de cerca de 77 anos; depois, numa ridícula tentativa de viver melhor, criamos 357 milhões de padrões para viver. A terceira loucura humana é: vivemos nossas vidas procurando quem não se encaixa em nenhuma dessas 357 milhões de "formas de ser". Daí, sem o mínimo de escrúpulo, encontramos essas pessoas, caçamos elas, e fazemos com que escondam suas verdades. Nunca nos perguntamos o porquê de um indivíduo, que tinha 357 milhões de formas de ser, resolveu "escolher" ser gay. Bom, eu diria: talvez ele não tenha escolhido isso. Talvez God tenha feito ele dessa forma. Crueldade de God!

"Bom Filho, você nascerá e ,aos 12 ou 13 anos, sentirá uma "incontível" ansiedade de ser mais do que o mundo lhe permite ser. Você é especial por isso... Mas, para você não ficar se achando, escreverei um livro pra mandar a galera te caçar, porque ai, você se esconde, fica bem quietinho num armário, pra ninguém se sentir inferior a você. Espero que um dia você Me entenda filho... mas isso é necessário" ...e assim God criou o primeiro Gay.

Como se não fosse suficiente, ele também criou os velhos, os negros...caramba!!!, até as mulheres. Para que? Pra ser tão superior que causaria inveja? Ingenuidade minha afirmar isso.

É bem verdade que todos têm um pezinho dentro do armário, disso eu não tenho dúvida. Mas tem algumas coisas que nos fazem ter orgulho: mesmo afirmando não ter preconceitos, dentro de nós há um imenso alívio por não ser um coisa ou outra. É preciso muita corajem para ser transparente. Tudo bem, as coisas estão mudando, está havendo mais tolerância. Hahaha. Tolerância é última coisa do mundo que eu precisaria caso("mas só se CASO") eu te tivesse alguma coisa para esconder.

Tudo isso porque eu vi um filme, e achei que algo em mim precisava mudar.(Eu e minhas constantes mudanças). Mas isso é sério: não vejo muita graça em mentir. Quero mesmo, desde já, é mostrar como eu sou, estar com quem eu quero estar, e fazer o que e quero fazer... Eu não consigo expressar direito o que eu estou sentindo agora não, mas é mais ou menos assim: A partir de amanhã, tomara que ninguém me obrigue a me comportar de alguma outra forma, que não a forma mais natural de ser do mundo pra mim. Bom, algumas coisas foram facilitadas no meu caso. Eu acabei encontrando pessoas que me deixam ser real. Outras não, é verdade! Mas algumas delas, que acham que sabem de mim a fundo, saberão, aos poucos, que eu estou pronto para ser, e, como já diria alguém que teve a felicidade de proferir tais palavras, " estou pronto para "curtir minha existência".

terça-feira, 26 de maio de 2009

Sem comentários:


"Ora, enquanto se acaba e não se acaba o mundo, enquanto se põe e não se põe o sol, por que não nos dedicaremos a pensar um pouco no dia de amanhã, esse tal em que quase todos nós ainda estaremos felizmente vivos? Em vez de umas quantas propostas arrojadamente gratuitas sobre e para uso do terceiro milénio, que logo ele, mais do que provavelmente, se encarregará de reduzir a cisco, por que não nos decidimos a pôr de pé umas quantas ideias simples e uns quantos projectos ao alcance de qualquer compreensão? Estes, por exemplo, no caso de não se arranjar coisa melhor: a) Desenvolver desde a retaguarda, isto é, fazer aproximar das primeiras linhas de bem-estar as crescentes massas de população deixadas atrás pelos modelos de desenvolvimento em uso; b) Suscitar um sentido novo dos deveres humanos, tornando-o correlativo do exercício pleno dos seus direitos; c) Viver como sobreviventes, porque os bens, as riquezas e os produtos do planeta não são inesgotáveis; d) Resolver a contradição entre a afirmação de que estamos cada vez mais perto uns dos outros e a evidência de que nos encontramos cada vez mais isolados; e) Reduzir a diferença, que aumenta em cada dia, entre os que sabem muito e os que sabem pouco.

Creio que é das respostas que dermos a questões como estas que dependerá o nosso amanhã e o nosso depois de amanhã. Que dependerá o próximo século. E o milénio todo.
A propósito, regressemos à Filosofia."

OBS: Ele é o monstro do desconforto psicológico.

Sem Título.



"Every time

the rain comes down,
close my eyes and listen.
I can hear the lonesome sound
of the sky as it cries."


It's in The Rain
- By Enya










Quando acordei hoje pela manhã, não imaginei que terminaria o dia pensando o que eu estava pensando. Como todas as segundas, fui para o trabalho e vivi um turbilhão de coisas. Coisas de todos os tipos: desde achar que um dia eu seria o maior cientista da face da terra, até coisas como achar que alguém acabara de me olhar de uma maneira muito estranha.

Mas não é sobre isso que quero falar. Agorinha a pouco assisti um filme e, como muitos, me fez pensar no que eu estava efetivamente vivendo agora. Isso, agora, ontem, amanhã...todos os dias. Quando resolvi escrever sobre esses pensamentos tentei imaginar um título. Não consegui. Mas ainda assim eu sabia que precisava escrever. Estive cobrando de mim mesmo isso já há algum tempo. Resolvi fazê-lo...

Mas, sim, meus pensamentos: pensei que eu deveria ler mais, escrever mais, olhar mais, relaxar mais, estudar mais, brincar mais e namorar mais...huh... ou, deveria eu dizer, apenas namorar?rs. Bom, sei que preciso disso tudo, mas é difícil achar um modo de fazer isso sem que eu deixe de fazer outro montão de coisas. Na verdade é fácil, mas mudanças cansam...e cansaço cansa. Eu não estou muito distante disso, mas eu confesso que eu queria mais. Já tentei arrumar mil desculpas pra mim mesmo, e sempre consegui me convencer. Dessa vez o que mudou foi minha tolerância a mim mesmo.

Estou mais intolerante a mim mesmo, e isso me obriga a ser melhor que eu. Ou, ao menos, mais sensato que eu mesmo. Não entendo como alguém pode ser tão inflexível a si mesmo, ao ponto de se dar o direito de escolher o mais fácil porque tem feito o mais difícil com muita frequência. Difícil de entender, eu sei, mas é dessa forma: quanto mais difícil fica, mas fácil eu tento ser(ou fazer).

Agora eu pretendo fazer coisas muito, extremamente, invariavelmente fáceis e simples de fazer; mas que vão exigir de mim um esforço enorme. Como ler o livro. Calma, eu leio livros. Mas eu não estou falando de apenas ler um livro, e sim de ler "o" livro. Ou "os" livros, com o mesmo significado que o "o", mas deixando claro que não existe apenas "um" livro. Ah, e ouvir "as" músicas também...(claro que eu já ouço muitas músicas -IDEM para as músicas).

IDEM também para os filmes, para as peças, para as fotos, para os shows, para os livros acadêmicos, para o dia, para a noite, para o ponto de ônibus, para o shopping aos domingos, para as saídas com as amigas, para os momentos de nada fazer, para os encontros, para o agora, para os sorrisos, para os "stresses", para o trabalho, para os conhecidos, para o futuro, para o passado, para o mar, para o céu estrelado... a lua, a natureza, as pessoas, os animais, eu, elas...os pensamentos. Todos bem definidos e incapazes de sucederem o "um".

OBS: preciso de umas camisas brancas e folgadas.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

De Pernas Bambas

Hoje eu me perguntei o que era felicidade. Não porque estava infeliz, e tentava achar a chave para ela. Mas porque, em resposta a um questionamento de um amigo, me permitir pensar no assunto. Pensei sobre suas palavras, que se referiam a um padrão contínuo de acontecimento biológicos que nos permitiam ou não sentir felicidade. Padrões esses que, invariavelmente, tecem a teia das motivações humanas na conquista da vida ideal.

Mas, ao pensar sobre isso, questiono-me onde reside a felicidade, e não o que seria ela. Difícil defini-la, é verdade. Por isso, apurei minha lente e tentei entender os acontecimentos que me fazem feliz. Descobri, só pra deixar logo claro, que o mais curioso para mim não é o que seria a felicidade dentro desse mundo visível e material. Antes, é a misteriosa lei da natureza-indescritiva e substanciosa- que me deixa com os pensamentos aflorados. São as forças que motivam nossos padrões biológicos, é a imparidade existente no sentimento humano, e é, sobretudo, a grande casualidade dos encontros da vida. Vejo a felicidade quando me pergunto: porque te amo, e não amo o outro ao lado? Porque esse sentimento cresce e é nutrido pela vivência entre nós? Porque ele não acaba?

Mas felicidade também está na amplitude da vida, na pluralidade que ela oferece. Felicidade está em eu poder definir, para mim mesmo, e não para você, o que me traz boas doses de serotonina, o que me embriaga, e para você talvez não faça a mínima diferença, e isso pouco importar para ambos.

Há pouco pude sentir outras forma de felicidade, pude percebê-la em outros lugares. Em outras pessoas, pessoas que mal conheço. Elas têm me trazido muita felicidade. Pude sentir a natureza, como ela é contagiante e ousada. Ela trouxe pra mim um visual esplendoroso de misturas. Nessa natureza pude ficar estremecido, fui atraído, magnetizado, fragilizado. Sua aparência me deu medo, porque a quis para sempre, e mais medo pude sentir quando vi que a felicidade estava em absoluto ali e que, desesperado por te-la naquele momento, não teria medo de de me juntar a ela para sempre.

Ainda sobre a natureza, a Chapada Diamantina me fez pensar sobre o que de fato é meu mundo, e como ele andas das pernas. Descobri que algo está errado, e que eu não sei dedilhar os fatos que cerca a maneira como tudo está. Me sinto feliz por saber disso, mas me sinto triste também por isso existir. Continuarei como estou, sempre tentando descobri valores em tudo. Talvez não seja uma boa forma de levar as coisas, mas faz parte de minha percepção essas análises de valores- infelizmente.

Pretendo, desde já, entrar mais em sintonia com o eco da natureza. Tentarei ouvir daqui, o que a Chapada tem para me dizer, principalmente a noite, quando o silêncio ,que já é soberano lá, deixar eu ouvir os gritos da natureza, atraente como sempre, simples e complexa, cheia de ternura e de felicidade, trazendo ao meu mundo uma alternativa impessoal. Tentarei sentir essa energia, essa "vibe". Dentro da confusão da cidade, vou buscar essa frequência cotidianamente.

Talvez isso mexa comigo, me permita novas interações biológicas, novas emoções. Queria não ver as mudanças das pessoas, mas não me deixarei cair com essas mudanças. Não vou desistir delas, porque sei que são parte fundamental de mim, mas darei um tempo para que a natureza dentro de nós se reestabeleça, porque sei que ela está um tanto desgastada. Mas farei questão de olhar mais para os outros lados, ouvir mais outras vozes e tocar outras mãos. Imagino que tudo isso me fará bem, mas devo admitir o receio e a fragilidade em relação ao novo. Mas o novo, o mesmo novo que me dá medo, também me encoraja e me sensibiliza nesse mundo de pessoas e lugares.

P.S.: Preciso escrever sobre algumas pessoas em especial. Não sei quando farei isso.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Fitas.


"All these tapes in my head swirl around
Keeping my vibe down
All these thoughts in my head aren't my own
Wreaking havoc"
-Tapes. Alanis Morissette.
Falávamos sobre como muitas coisas haviam mudado. Mais que isso: a velocidade com que tudo havia mudado. Algo nesse dia nos fez lembrar de como as coisas eram, e de como elas nos serviam.
A música que ouvíamos saia de um toca-fitas; era de qualidade inferior. Mas as fitas guardavam em si mesmas tudo que queríamos ouvir... era passando uma música por cima da outra, sem o mínimo de dó das que não aquentávamos mais ouvir. O passado era apagado, e praticamente irrecuperável. Quando havia algum valor, pelo mínimo que fosse, era preciso pensar muito antes de abandonar aquela letra de difícil acesso. Letra que possivelmente fora tirada do rádio, letra que perdemos o início, porque não chegamos a tempo, letra que era marcada com um "TAP" no início e outro no final...letra muito, mas muito delineada em seus significados.
Tudo que passamos tem sido diferente do que foi um dia. Somos os mesmos, mas um pouco mais doces e um pouco mais bárbaros. Não precisamos mais pensar tanto sobre o que tem relevância, apenas vivemos conforme o que já havíamos ditado. Nos sentimos mais frágeis, porque não temos mais fitas para passar por cima as coisas que já não são mais tão boas de se ouvir. Já não pensamos mais sobre tudo ao nosso redor, nem em como selecionar as mais importantes para ouvir. Hoje temos a capacidade de armazenar tudo. Crescemos e aumentamos nossos "bits" de memória para as coisas do mundo. São tantas coisas, e mesmo assim sabemos de todas elas, ouvimos todas elas e nunca as apagamos... o que nos livra da culpa e da injustiça de apagar o que não nos serve... mas também não nos obriga a delinear bem a música que está tocando, a que nos movimenta, nos impulsiona. Na verdade, deixamos de ser tão seletivos. E as coisas deixam de ser tão raras... as letras já não são tão importantes, porque elas podem ser recuperadas. Elas também são todas iguais, porque já não há "TAPs" que as individualizem e nos deixem felizes por termos conseguidos mais ou menos da música que acabou de começar no rádio. Todas são completas nos nossos novos aparelhos eletrônicos.
Assim são todas as pessoas que nos preenchem igualmente, que não têm cicatrizes que determinem onde elas começam e onde elas terminam para a gente. Elas apenas estão lá, e sempre que precisam ser repetidas, as buscamos com uma certa dificuldade em uma grande pasta de dados. Quando guardávamos nossas músicas em nossas fitas, sabíamos o local exato onde a música estava. Rodávamos um pouco para frente, um pouco para traz... mas enfim as achávamos. Errávamos duas ou três vezes, mas não mais que isso. Sabíamos que estavam ali. E dependiam apenas da gente para que continuassem ou não sendo tocadas. Era a dificuldade de achá-las no rádio que as faziam tão especiais. E, acima de tudo, eram seus defeitos, seus "TAPs", que as deixavam com nossa cara. Eram suas digitais. Nenhuma música em nossa fita era igual a mesma música na fita de outra pessoa. Era isso que nos deixava mais íntimos delas, pois só nós sabíamos como ouvi-las e onde achá-las. Ninguém mais saberia fazer isso. E assim são nossas pessoa de hoje, que aos poucos têm mudado, têm se tornado iguais e já não demarcam tanto seus espaços.
Falávamos sobre como muitas coisas haviam mudado. Algo nesse dia nos fez lembrar de como as coisas eram, e de como elas nos serviam. Algo que ainda temos, pessoas que tocam em minha cabeça, pessoas que não podem ser apagadas, porque só tocaram uma única vez no rádio. Pessoas que possuem um bom começo e um bom fim...bem delineadas, incompletas e, sobretudo, únicas.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Todas as coisas.


"Você enxerga tudo, você enxerga cada detalhe.Você enxerga toda minha luz, e você ama minha escuridão. Você entende tudo de que eu tenho vergonha. Não há nada com que você não se identifique... e você continua aqui"
É muito fácil para mim culpar tudo ao meu redor quando percebo que as coisas estão fora de controle. Fora de controle? Quem definiu isso pra mim?
Vou começar novamente: É muito fácil para mim traduzir coisas sobre as quais me vejo imune. Mesmo que eu não esteja completamente imune, é fácil fingir isso. Primeiro porque as pessoas adoram a força da imunidade, principalmente quando traduzimos coisas que certamente nos afectaria mas, como por milagre - mas é claro que parece ser mais racional que um rotineiro milagre - não decaímos. Somos fortes. Somos mais que fortes, somos insensíveis! É ai que está o curioso, o trascendental, o... Bom, seria isso a mais pura verdade se o mundo não estivesse interessado nas "coisas" sobre si mesmo. Insensível?
Insensível: adj. 1. Sem sensibilidade. 2. Não sensível; apático. 3. Impiedoso.
Quantos de nós possui sensibilidade? Eu não seria capaz de afirmar exactamente. Uma estimativa? Fugiria em demasia nos padrões de exactidão estatísticos. Me limitar as pessoas de meu convívio? Ah, isso é complicado... mas posso dizer, com uma boa margem de certeza, que muitos são sensíveis. Números? Talvez 40% deles. Hum hum, também acho. De fato é difícil determinar sensibilidade nas pessoas, mas...algumas delas possuem o que eu poderia chamar de "Olhar Magnético". São aquelas não são, de todo o modo, sensíveis. Apenas são atraídas, ou atraem de alguma forma, "coisas" alheias, e isso dá oportunidade para que elas exerçam suas sensibilidades. Olhe, isso não é tão fácil quanto parece viu. Basta lembrar dos que nem sequer fazem isso, ou fazem de um modo pouco tradicional e, digamos, se sentem bem pelo comportamento alternativo de suas obras, dado ao trabalho ímpar que realizam, muitos dos quais eu não entendo(???).
Ser sensível é, entre tantas "coisas" deixar-se levar por tudo aquilo que se revela aos nossos sentidos. Entendendo os sentidos como tudo que passa pelo óbvio e ,mesmo sendo indolor, nos traz sensações, sejam elas quais forem. Tenho muitos exemplos de sensibilidade personificada no meu dia-a-dia, mas desconheço quantos desses podem fazer de si a representação ideal para vias político-sociais. Sei, sim, que muitos desses sabem o momento certo de cometer tais actos. Já pude sentir isso e, devo admitir, a surpresa tornou todas as coisas ao meu redor mais interessantes. Sabe quando você realmente acredita no que sente? Pois então, sinto-me bastante envolvido nisso, já que a cada subterfúgio humano, mesmo dos meus "representantes mais fortes", tiro de mim a mais breve e sutil responsabilidade de perceber a beleza de ser, para mim, o que cada um dos que estão comigo deveras são.