sábado, 27 de outubro de 2007

Contagens


Bem assim o dia terminou. Não que de fato tenha terminado, apenas me refiro a sua dormência... quando seguiu em frente, distinto do que acabara de ser, falso por determinação.

É desse modo que quero que continue, mas antes, que volte a ser. Com a mesma intensidade que temo sua constância, no ar, finjo sua perpetualidade e nas pedras suas perdas; na existência sua maldade!

Não quero que caminhe de outro modo, com outro alguém, com outras lágrimas...mas que se surpreenda com a tonalidade do meu rosto, com o formato dos meus olhos, com o ritmo de minha respiração. Quero trocar suspiros, vingar as inúmeras contagens que fiz do nosso ser e nunca mais deixar passar despercebido.

Quero mesmo um dia poder descrever como esse "hoje" terminou...assim, desse modo, como eu quero que continue...bem! Forçosamente ele continuará nas nossas lembranças, nos nossos círculos respiratórios, nas nossas escolhas e nas nossas contagens...Hoje, contei um ser.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

"cada segundo é uma oportunidade de mudar tudo"


Um sonho real, uma fantasia indescritiva, um profundo devaneio que exagera na possibilidade de ser real.

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Estou certo de que muitos já se questionaram sobre o que seria real e o que seria ilusório... No mundo em que vivemos, onde tal questionamento já se tornou tema de filmes, músicas e livros, é difícil perceber o quanto estamos dispostos a acreditar numa realidade infalível, numa realidade que interfere na nossa sencibilidade, numa realidade estúpida. Hoje, praticamente todos os dias me pergunto quais as nossas reais chances...me sinto severamente angustiado quando pessoas passam por mim, e apenas passam. Passam com os olhos manchados, passam poluidos, passam indefinidos. Me pergunto também qual será a verdadeira motivação disso tudo, e logo depois me sufoco de respostas apagadas. É como se a vida entendesse sua existência perpétua distante da impotência humana, é como se a vida não nos habitasse; mas não por si mesma, antes por nós. Por nossa injustiça alicerçada nas confidências lançadas num vácuo... e apenas lá, no vácuo, se pudesse ouvir o sentimento do mundo.
Já pensamos muito sobre nossas chances, mas sabemos que não as temos. Viveremos assim, asfixiados pelo nosso desejo de ser, de poder e, finalmente, de ter. Pois estamos contidos num sistema incapaciante, e aqueles que se podem ver no espelho enxergam cada segundo como a única possibilidade de mudança e ,fora isso, nada mais fazem.
Acredito que cada segundo é uma oportunidade de mudar tudo, que o ser, antes de qualquer obstáculo, é. E que fazemos nossas escolhas sozinhos. Nesso ponto tenho que ser caótico, já que a vida se fragmenta e se distribui aleatoriamente, sem um pragmatismo latente. Não entendemos a vida por ela ser difícil de ser compreendida, só estamos no caminho errado, procurando uma solução contraditória e com poucos significados.
Um sonho real, onde acreditamos estar sobre o controle da vida... a dúvida acompanha esse reciocínio. Não acredito num único ser humano que nunca se permitiu indagar sobre isso, ou mesmo pensar que tudo pode ser verdade, ou tudo pode ser mentira. Ou as coisas podem acontecer mutuamente, bastando apenas que acreditemos nelas. Seria essa a realidade? O que nós acreditamos? Bem, isso eu não sei.
O que dizer(e fazer) quando tudo é apenas uma escolha? Um dia precisaremos entender que fazer valer a pena é finalmente juntar-se a vida, é olhar para o espelho e enxergá-la como nós mesmos e não como parte de nós, e que temos a liberdade de fazer nossas escolhas não seguindo um padrão geral de realidade. Afinal de contas, nem sabemos se o que vivemos é real. Somos entorpecidos dessa irrealidade pelos filmes e livros, e por isso esquecemos(ou não acreditamos) no que eles dizem. Fazem-nos pensar e desacreditar... nos manipulam nesse jogo de "confronte-se com sua realidade" e "aceite sua incapacidade". Somos drogados pela mídia com a verdade... é uma overdose de verdade que apenas nos confunde, pois nos deixam insecíveis a ela; como se nossa mente se acostumasse com os devaneios desacreditendo neles.
Sinto-me agora motivado por um segundo, e depois, em outro segundo, é outra motivação. Penso agora numa saída que me trará felicidade, e num outro segundo entendo que somente parte da vida estaria feliz, pois eu não sou apenas eu... sou fragmento do todo. Somos peças que preenchem essa e outra realidade, e por isso não enxergamos nossa verdadeira parte, já que seu complemento pode não estar aqui... e nós não estamos lá...

domingo, 22 de julho de 2007

Parem o mundo, eu quero descer...


Ouvi pela primeira vez essa idéia saindo da boca de uma amiga minha(Jéssica). Escutei meio que depressa, sem dar muita profundidade ao meu entendimento. Mas logo senti a pontada da razão me confrontando com minha realidade e, indubitavelmente, levando-me a um invólucro desanimador. Vi-me diante da realidade infortuna do meu dia-a-dia. Foi triste, pois sempre pensei que problemas sociais se resolvem lutando contra tudo e contra todos, nunca refletindo sobre a utilidade do nosso "ser". "Parem o mundo, eu quero descer...": o desespero intrínseco nessa frase, fez-me pensar na validade do suicídio. Bem, parece louco pensar na morte como solução, mesmo depois de muitos elementos já terem o feito como demonstração de indignação, já que nunca houve entendimento para morte. Também não acredito que isso mudará um dia. Mas enfim, depois de muitas aulas de sociologia, e da convivência paulatina por duas vezes na semana com o professor, lembro-me(e entendo) das tendenciosas insinuações sobre o suicídio e suas repercussões sociais. Ele era um suicida em potencial, mas não passava disso. Infelizmente, pois compreendi a verdadeira essência dessa atitude. Claro que não significaria que com uma morte se salva uma vida; na verdade, com uma morte bem intencionada e inteligente salvam-se vidas. Essa idéia de parar o mundo pra descer me faz imaginar como descer desse mundo significaria algo positivo para os que continuassem nesse barco, daí sugerir o suicídio! É interessante que as mazelas do mundo prescrevem as diversas formas de solução. É um tipo de feedback sem recíproca(!). Há algum tempo assisti um filme chamado A Vida de David Gale... foi a primeira vez que vi na morte algo mais positivo que a própria vida. No filme, em linhas gerais, um suicídio é perfeitamente manipulado e inteligentemente idealizado como forma de mostrar para um tribunal penal norte-americano présbito que a pena de morte não é um julgamento confiável, pois pode matar pessoas inocentes, ou com possibilidade de regeneração(idéia que merece outra crítica, que me correu agora). Foi ai que comecei a enxergar essa "coisa" do suicídio como fator tanto de resignação pessoal, como também um ato que preconiza uma estabilidade adversa a barbárie. Difícil isso, pois também penso que o homem chegando a esse ponto tornou-se um psicopata social, auto-destrutivo com características bárbaras. Mais ai eu estaria nesse ciclo vicioso mal entendido que há muito aflige grande parcela da população potencialmente suicida(rsrs). Acho que a idéia principal, e portanto a única realmente relevante, é a referente a intenção mesmo. Quanto a isso, não há muito o que falar. Apenas sei que teria que haver uma grande evolução no pensamento filosófico humano, para tentar expandir no mundo uma razão(filosófica, óbvio) para o significado do suicídio. Paradoxal é enxergar ai, e sei que isso viria de muitos, um retrocesso estrutural no plano da moralidade inerente(e, claro, padronizada) ao homem. Considero, desde então, a morte como mais um elemento de contestação social... um novo, desconhecido, inexplorado, e como tal digno de ser provado e sabiamente apresentado para uma nova geração!

A universidade a a vida...

Esperei essa sensação por quatro meses. Esse foi o tempo que durou meu primeiro semestre na universidade. Foi um período difícil. Mas como tudo, passou. Pensei que quando terminasse eu estaria pronto para dar asas a minha imaginação, mas hoje eu pude ver o quanto esses quatro meses tirou-me as idéias. A gente nunca espera que aquilo que mais desejamos nos dê tanto prejuizo. Começa nos fragmentando, e depois separando nossas parte umas das outras de forma a não nos permitir reconciliação com nós mesmos. É desse modo que perdemos parte de nós, pois quando finalmente damo-nos conta dessa fatalidade não mais sabemos nos remontar. A universidade faz isso conosco. Nesse semestre me peguei rindo(muitas vezes) daquilo que eu fazia. Bem, estudo farmácia, e não sei ainda onde enfiar tudo que "aprendi"(decorei seria uma palavra mais apropriada). Mas sim, esse também é outro ponto que não faz diferença alguma agora!Já tenho cerca de 15 dias em casa, longe das aulas, dos livros didáticos e das caras indescritivas dos professores. Esses últimos, me lembro bem, tinham orgulho de seu papel na universidade: tirar de mim qualquer sossego. Hoje(dia 17 de julho) passei o dia inteirinho em casa, e não produzi nada. Estou estupidamente angustiado por isso, e culpo tão somente a universidade. As pessoas não tem noção alguma do que é aquilo; muitas delas até se harmonizam bem com os ditames da vida acadêmica...mas vai lá saber o que passa nesses cerebelos(é, pq cérebro...). Vc entra num lugar onde, hipoteticamente, as pessoas pensam. Pra falar a verdade, vai desde alunos, passando por funcionários, chagando até os professores, é geral: ninguém pensa. É o fim, caos total! Só farreiam e estudam. Não vejo mal algum nisso, mas não reservam um minutinho desse tempo pra refletir sobre coisas que de fato são importante. Antes, preferem se questionar sobre "a cor do meio reativo numa reação de Barfoed". Isso tbm é importante, mas ,gente, olhem o mundo a sua volta. Não dá, isso é loucura!É engraçado, mas estudo muito, desde minha oitava série, quando resolvi entrar no cefet, isso pq já tinha resolvido entrar na ufba, e o cefet era o único caminho pra isso. É engraçado pq depois de tudo o que consegui mesmo foi funilar meus horizontes. É...eu era uma criança, pensava mil coisas, e hj tenho que definir bem o que penso, se não não dá tempo, ou não consigo fazer tudo(é isso que se chama maturidade?). Af(pff)!Voltando às partes de si mesmo, tenho ainda algo a dizer: a universidade é potecializadora dos defcitis sobre o indivíduo. O detalhe é que credor e devedor são a mesma pessoa. E diante disso vc está numa incrível encruzilhada: se vc paga, quem perde é vc; se vc não paga...já sabe, é vc quem perde tbm.E ai, como ficamos? Eu tive um professor que falava muito sobre "capital simbólico". Essa, sem dúvida, é uma expressão curiosa e pertinente. Pois sim, dela tiramos toda e qualquer justificativa pra esse modelo acadêmico se perpetuar. Não vamos esquecer que vivemos na era da imagem, quando tudo que representamos são nossas ações. Infelizmente é mais importante a ação de comprar um livro do que lê-lo, equivalendo-se, sinceramente, ao inescrupuloso vício de comprar o que quer que seja.Não sei onde tudo isso vai parar. Eu pensava que o meio acadêmico era o único mecanismo social ainda livre de qualquer estigma sociopata, mas vejo claramente que a universidade é mais uma corda que controla os fantoches que habitam a vida privada. É incrível, ela individualisa e depois transpassa pra vc a responsabilidade do mundo. O jovem entra na universidade cedinho, se acha um máximo por isso, e não consegue articular uma idéia, coitado("a-bestalhado")! Pois bem, estou angustiado com tudo isso. Meu cérebro parou, só consigo escrever sobre mim mesmo, o mundo é mais forte que eu, ninguém quer me ajudar, e tudo isso se retroalimenta!!! Ótimo, não vejo saída. Hoje eu não produzi nada. Sinto-me um estúpido! E, com certeza, a universidade vai piorar isso nesse segundo semestre. A todos um grande pesar...